Por Laura Prado*
Pense numa cidade fofa. Pense em casinhas todas geminadas, com as portas de entrada em cores diversas e todas feitas de tijolinhos. Agora pense em pequenas vielas cheias de lojinhas, grafites relembrando grandes escritores locais e chão de paralelepípedos. Pense em um rio cortando a cidade de lado a lado, com pequenas pontes para pedestres recobertas de turistas afobados e deslumbrados.
Pense em músicos parados em frente às fachadas de lojas de grandes marcas, numa via somente para pedestres, mostrando suas próprias músicas, com um instrumento e um pequeno amplificador.
Pense em centenas de estudantes de intercâmbio à solta, longe dos pais, com suas mochilas do curso de inglês nas costas e um copo de refrigerante do McDonalds na mão.
Pense em pubs lotados após as seis da tarde, num dia de verão. Pense em garotos pulando nos canais para aproveitar um dia “quente” de 22 graus. Pense em centenas de guarda-chuvas abandonados nas lixeiras, após enfrentarem a ventania chuvosa de todos os dias. Pense no Sol se pondo às dez da noite no verão, e às quatro da tarde, no inverno.
Não há leprechauns nas montanhas. Não há potes de ouro no final do arco-íris, nem trevos de quatro folhas brotando nas esquinas. Há crise, faltam empregos e perspectiva. A sorte do irlandês parece ser um mito.
Mas há um número infinito de pessoas maravilhosas, prontas para uma conversa sobre o tempo, o governo ou esportes. Um sorriso no rosto, um otimismo incorrigível e um senso de humor incomparável. Se dependesse somente dos rostos dos irlandeses, você diria que é o povo mais rico do planeta.
*Laura Prado é jornalista, mora em Dublin e tem o blog www.lauraprado.net
Que bela descrição, Lau!
Estou programando meu intercâmbio e Dublin é minha segunda opção! Se o dinheiro não der para Londres, é pra Irlanda que eu vou! Adorei!
http://poeticadepensee.wordpress.com/
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